O IBGE recebe de 21 a 24 de novembro no Rio de Janeiro o evento “Missão Técnica no Brasil – Troca de Experiência dos Países Lusófonos visando o fortalecimento das estatísticas referentes ao mercado de trabalho”. Cinco países lusófonos: Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné-Equatorial estão reunidos de forma presencial e remota na sede do Instituto, com o objetivo de realizar o intercâmbio de metodologias sobre a produção e divulgação de indicadores, estatísticas e dados oficiais sobre suas forças de trabalho.
“Esta aproximação com os países de língua portuguesa, especialmente os africanos, é muito bem-vinda e produtiva. Para o IBGE, poder contribuir com sua experiência e metodologias de pesquisas, e ao mesmo tempo conhecer melhor a realidade e produção de estatísticas destes países, nos ajuda a reforçar laços e contribuir com o desenvolvimento dessas nações, além de ecoar uma manifestação do presidente Lula, que afirmou recentemente pretender realizar rodadas de visitas à países do continente africano nos próximos meses. Neste sentido, estamos bastante felizes em sediar este evento e com suas perspectivas futuras”, afirmou o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, na abertura do encontro, que ocorreu na sede do IBGE, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 21.
Assa Guambe, diretora nacional do Observatório do Trabalho do Ministério do Trabalho e Segurança Social de Moçambique, avalia o encontro como positivo para o aprendizado com o IBGE, especialmente sobre metodologias de pesquisas contínuas: “vamos sair daqui com uma boa prática do que o Brasil está fazendo, pois a forma como estamos fazendo é bastante onerosa, e é por isso que não conseguimos fazer [nossas pesquisas] de uma forma contínua. Estamos aproveitando muito bem a vinda ao IBGE para melhorarmos, e trazendo nossas experiências”, afirmou a diretora nacional do Observatório do Trabalho em Moçambique.
Para o diretor de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, essa troca de informações reforça a integração entre os países lusófonos. “Esse evento tem um caráter importante porque o Brasil avançou muito nos últimos anos com relação às informações de mercado de trabalho. A ideia é mostrar para eles de que forma nós estamos organizados com relação à temas como trabalho forçado, trabalho infantil, desocupação, força de trabalho e em como o Brasil conseguiu se organizar para trazer todo esse tipo de informação”, afirmou Azeredo.
Idálio Luiz, diretor do Recenseamento de Inquéritos em São Tomé e Príncipe, destacou a riqueza do encontro. “Este intercâmbio entre países está sendo rico à medida que ouvimos as experiências dos outros países, que vão nos orientar e nos ajudar na produção dos nossos próprios dados”, disse Luiz. “Nosso sistema é integrado com outros países, acho interessante na medida que há uma fusão nos inquéritos, e isso vai reduzir o custo, pois a metodologia é alinhada e o sistema também”, completou o diretor do Recenseamento do país africano.
Já Anita Amorim, chefe de parcerias sul-sul do IBGE, evidenciou o aprofundamento das relações de cooperação entre os países lusófonos, especialmente aqueles que estão na África. “No caso do Brasil há uma cooperação com os PALOPS – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa em várias áreas, como no combate ao trabalho infantil e inspeção do trabalho. Agora, começamos cooperação mais profunda nas estatísticas do trabalho. É muito importante o compartilhamento de dados, e nosso objetivo é manter essa parceria”, disse Anita.
O presidente do Conselho Nacional de Estatística de Cabo Verde, Carlos Mendes, ressaltou a importância para o seu país deste intercâmbio de informações. “Estamos trocando experiências com os diversos países dos PALOPS, liderados pelo IBGE, onde todos estamos juntos para poder implementar e disseminar estatísticas. Este evento é fundamental para nós de Cabo Verde, [cujo instituto de estatísticas] ainda é recente, fundado há apenas quarenta anos”, ressaltou Mendes.