IBGE promove encontro com países lusófonos e latino-americanos para promover inserção internacional
Dois eventos internacionais sediados pelo IBGE na cidade do Rio de Janeiro que se encerraram na última sexta-feira, 24, reforçaram a presença e inserção internacional do Insituto. O workshop “Estimaciones de población y ronda censal 2020: Desafíos y lecciones aprendidas em tienmpos de pandemia” (Estimativas populacionais e rodada do censo de 2020: desafios e lições aprendidas em tempos de pandemia, em tradução livre) apresentou análises sobre os Censos realizados em toda a América Latina. Ao todo, 40 integrantes de 11 países da América Latina estiveram presentes no workshop, realizado de 21 a 24 de novembro. Brasil, Chile, Costa Rica, Equador, Guatemala, Paraguai, República Dominicana, Uruguai foram representados por seus respectivos institutos de pesquisa, e Argentina, México e Colômbia marcaram presença com pesquisadores e convidados.
Simultaneamente, a “Missão Técnica no Brasil: Troca de experiência dos países lusófonos visando o fortalecimento das estatísticas referentes ao mercado de trabalho” apresentou a metodologia de pesquisa do IBGE e o modelo de pesquisas contínuas sobre mercado laboral a onze convidados de cinco países africanos que falam português, além de um representante da Organização Internacional do Trabalho: Moçambique, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Cabo Verde e São Tome e Príncipe.
Gerente de relações internacionais do IBGE, Roberto Sant’Anna avalia os encontros como importantes para o IBGE, não só na transmissão do conhecimento do Instituto, mas também como uma forma de contato com outros povos. “Todo esse processo de operação notadamente com os países lusófonos e os países latinos, inseridos na operação Sul-Sul, são importantes para o IBGE porque fortalecem a inserção internacional do Instituto junto a esses países e seus institutos de estatísticas. No caso da Missão Técnica dos países lusófonos, também temos membros do Ministério do Trabalho desses países, e a troca de informações, experiências e de boas práticas é fundamental para reforçar o IBGE como instituto de referência na América Latina e em entre os países de língua portuguesa”, afirmou Sant’Anna.
“Missão Técnica no Brasil: Troca de experiência dos países lusófonos visando o fortalecimento das estatísticas referentes ao mercado de trabalho”
Idel Helena, diretora de serviços na Segurança do Trabalho no Ministério da Administração Pública e Modernização do Estado em Guiné-Bissau, frisou a importância do aprendizado no IBGE para ajudar o seu país nas pesquisas no mercado de trabalho: “Estamos ainda [em Guiné-Bissau] na fase inicial das estatísticas de emprego. As apresentações que tivemos aqui vão nos ajudar muito a melhorar o sistema de estatística laboral no nosso país”, disse a guineense, em sua primeira vez no Brasil.
Já a cabo-verdiana Alice Varela, coordenadora do Observatório de Mercado de Trabalho, destacou a importância de ouvir e aprender, além de estreitar parcerias com os países de língua portuguesa, sobretudo o IBGE, considerado uma referência. “Para nós, qualquer experiência e qualquer troca é um tipo de aprendizagem. Nós estamos aqui, sobretudo, para ouvir, aprender e estreitar parcerias com outros países do PALOPS (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), que já têm seus observatórios mais maduros, assim como observar o IBGE, uma referência para, em um futuro próximo, iniciar essa cooperação de assistência técnica, no âmbito desta parceria Sul-Sul”, afirmou a coordenadora.
Alice já estudou no Brasil entre os anos de 2000 e 2004, na cidade de Recife, no Nordeste do país. “O Brasil é a minha segunda casa depois de Cabo Verde. Os dois países possuem muitas semelhanças como a comida e a culinária. No Nordeste, eu ouvia muito a expressão — amor à beça — que é uma palavra crioula que significa gentileza”, contou a pesquisadora.
“Estimaciones de población y ronda censal 2020: Desafíos y lecciones aprendidas em tienmpos de pandemia”
PHD na Universidade Nacional de Córboba, na Argentina, Estefanía Gherra é bolsista no Conselho Federal de Pesquisas da Argentina e professora de Estatística em seu país, e apresentou no workshop seu estudo a respeito dos excessos de mortalidade regional na Argentina, além da decomposição por causas de morte e grupos de idade no Censo 2020. “É possível no futuro ajeitar ou diminuir as diferenças entre as regiões do país, que têm um clima diferente do outro, e talvez tenhamos doenças correlacionadas com isso”, disse Estefanía.
Ela também sinalizou a importância da interação dos Instituto Nacional de Estatísticas (INES) da Argentina com pesquisadores de outros países da América Latina. “O mais importante foi observar a queda das projeções entre os países e a queda da fecundidade, que ocorre faz um tempo, além do aumento da mortalidade, que têm muito a ver com a pandemia. Espero que seja algo pontual”, ponderou Estefanía.
Já o dominicano Carlos Hernandez, da Oficina Nacional de Estatística e encarregado pelo Departamento de Estatísticas Demográficas e Sociais da República Dominicana, elogiou os trabalhos dos demais integrantes do evento afirmou que “com todas as experiências apresentadas eu aprendi bastante, e em breve pretendo aprofundá-las em meu país.”
Miguel Ojeda é chileno e chefe do subdepartamento de demografia do Instituto Nacional de Estatísticas do Chile, onde trabalha com projeções da população, estatísticas migratórias, além de preparar o Censo de 2024 no Chile. Ao lado de André Alegria, ele ministrou aula sobre o Diagrama de Lexis: uma técnica que permite ordenar e representar os fenômenos demográficos no tempo, e avaliou ser “muito importante fazer parte deste evento para compartilhar informações. Há um sentimento de alegria pela troca, mas um pouco de tristeza, pois vemos que os problemas são similares em todos os países da América Latina”, completou Ojeda.